Inesquecível,
emocionante, decisivo. Pode por qualquer destes adjetivos. Foi assim. Aconteceu
numa noite, não sei que dia ou mês, nem tenho certeza se foi em 1967, 68 ou 69.
Na verdade, nem lembro quem ganhou nem se fiz algum gol. Acho que joguei com um
São Paulo de cor mais para roxo que para vermelho, mas pode não ter sido este o
time. Será que era pastilha, botão de camisa, bolinha redonda? Não me recordo
se os goleiros eram de caixinha de fósforo ou aqueles que têm uma haste para a
gente mexer. É, faltam alguns pequenos detalhes, mas o jogo foi inesquecível.
Lembro bem do campo. Era a mesa da cozinha, que, como tinha um vão entre as
metades, foi coberta com uma toalha de plástico (devia prender um pouco, não
tenho certeza). Tenho certeza que não tinha marcas laterais nem da linha de
fundo. Foi um jogão! Talvez uma das
poucas noites que meu adversário chegou cedo em casa a ponto de me ver ainda
acordado. Meu pai me explicou para quê servia aquela ficha de baralho e como eu
usaria aquilo para fazer o botão andar até a bolinha (botão? Naquela hora devo
ter pensado no botão do meu pijama...que nome esquisito!) e que eu tinha que
fazer gol daquele jeito (que difícil!). Acho que na noite seguinte quis jogar
de novo, se a memória não me escapa. Algumas semanas depois, meu pai me levou
para jogar num tal Grêmio Carnot, num lugar longe, num bairro chamado Pari. Sei
que todos os sábados à noite eu ia dormir cedo porque domingo era dia de botão
e, quando voltávamos para almoçar em casa já ficava pensando qual time ia fazer
naquela semana para usar no domingo seguinte. Que saudade! Hoje as memórias do
século passado ainda me visitam e uma sensação agradável me vem e são tão
pessoais que é difícil transmitir neste texto que o Julinho me pediu. Vocês vão
entender. Hoje eu jogo talvez para manter aquele passado. Talvez para encontrar
os amigos e tomar uma cerveja. Talvez seja para fazer uns golzinhos. Não
sei...De uma coisa eu tenho convicção: Obrigado, pai.
Mauro Andrade -
botonista do Corinthians
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