domingo, 2 de setembro de 2012


Inesquecível, emocionante, decisivo. Pode por qualquer destes adjetivos. Foi assim. Aconteceu numa noite, não sei que dia ou mês, nem tenho certeza se foi em 1967, 68 ou 69. Na verdade, nem lembro quem ganhou nem se fiz algum gol. Acho que joguei com um São Paulo de cor mais para roxo que para vermelho, mas pode não ter sido este o time. Será que era pastilha, botão de camisa, bolinha redonda? Não me recordo se os goleiros eram de caixinha de fósforo ou aqueles que têm uma haste para a gente mexer. É, faltam alguns pequenos detalhes, mas o jogo foi inesquecível. Lembro bem do campo. Era a mesa da cozinha, que, como tinha um vão entre as metades, foi coberta com uma toalha de plástico (devia prender um pouco, não tenho certeza). Tenho certeza que não tinha marcas laterais nem da linha de fundo.  Foi um jogão! Talvez uma das poucas noites que meu adversário chegou cedo em casa a ponto de me ver ainda acordado. Meu pai me explicou para quê servia aquela ficha de baralho e como eu usaria aquilo para fazer o botão andar até a bolinha (botão? Naquela hora devo ter pensado no botão do meu pijama...que nome esquisito!) e que eu tinha que fazer gol daquele jeito (que difícil!). Acho que na noite seguinte quis jogar de novo, se a memória não me escapa. Algumas semanas depois, meu pai me levou para jogar num tal Grêmio Carnot, num lugar longe, num bairro chamado Pari. Sei que todos os sábados à noite eu ia dormir cedo porque domingo era dia de botão e, quando voltávamos para almoçar em casa já ficava pensando qual time ia fazer naquela semana para usar no domingo seguinte. Que saudade! Hoje as memórias do século passado ainda me visitam e uma sensação agradável me vem e são tão pessoais que é difícil transmitir neste texto que o Julinho me pediu. Vocês vão entender. Hoje eu jogo talvez para manter aquele passado. Talvez para encontrar os amigos e tomar uma cerveja. Talvez seja para fazer uns golzinhos. Não sei...De uma coisa eu tenho convicção: Obrigado, pai.

Mauro Andrade - botonista do Corinthians




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